quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Fui castrado...

Tudo começou quando a Vick se recuperou da paralisia.
Passávamos horas brincando de pega-pega, esconde-esconde até cairmos no sono de tanto cansaço.
Mas um belo dia a Vick ficou estranha.
Os demais cães da casa começaram a se comportar de maneira estranha. Queriam ficar perto dela, cheirá-la. Eu também comecei a sentir uma sensação muito esquisita e muito gostosa ao mesmo tempo.
De repente, ela entrou no cio. Todos ficaram literalmente malucos, principalmente nós, os cães, hehehe.
O pior aconteceu. Fomos separados da Vick. Ela foi presa! Ficou confinada no quarto do Luiz.
Fiquei histérico. Eu não parava de pensar nela, meu estomago doía, meu corpo tremia. Tava apaixonado.
Descobri que amor também dói, fisicamente. Quero relatar antecipadamente que naquele tempo eu era bem mais jovem e esbelto, com sensações que nunca tinha experimentado antes.
Na casa em que morávamos tinha um portão baixo que separava o quintal do fundo com a frente da casa. Eu, movido a pura adrenalina não parava de pular de um lado para outro do portão. Não deu outra, machuquei o meu pipi de tanto bater no gradil.
Fui parar no veterinário. Mas não foi somente esta humilhação que tive que passar. Minha mãe tinha que fazer curativos no local três vezes ao dia e tudo supervisionado pelos meus outros irmãos caninos. Que vergonha, fiquei mancando por vários dias...
Uma noite como não conseguia parar de latir, uivar por causa dela, Marcello me levou novamente ao veterinário, às três horas da manhã. Estavam com receio que eu fosse morrer de tanta excitação! Acreditem, eu estava prá lá de doidão. Tomei calmante e nada... Daí, tomei outro, com soro e aí consegui ficar um pouco melhor. E assim foram mais de 20 dias.
Neste meio tempo, arrumei um inimigo mortal, o Flash, o Labrador chocolate, doente e super invocado. Por causa do cio e de coisas dele, achou que eu queria ser mais que ele na matilha e resolveu me eliminar a dentadas. Recebi algumas nas orelhas, focinho e até no meu bumbum. A Silvana, Marcello e o Luiz faziam marcação corpo a corpo com nós dois.
Resolveram nos separar. Tive que ficar dentro de casa e ele fora. Sentia muito a falta de todos nós unidos.
Após este episódio tão bizarro lá em casa, resolvem castrar a Vick e logo depois, eu...
Novamente me senti o máximo entrando no carro indo para sei lá onde. Quando me dei conta era tarde demais.
Após, ainda meio tonto, com dor, percebi que estava no melhor lugar da casa, na cama dos meus pais. Que delícia, que cheirinho bom. Fiquei lá de barriga para cima, pensando que poderia ficar lá pra sempre.
Infelizmente fiquei isolado de todos. Quanta solidão... Logo eu, que adoro ficar com a família toda reunida!
Somente a Silvana passava algumas horas comigo. Ficávamos deitados na cama, eu bem pertinho dela. Estes momentos compensavam a falta dos demais...
Quando eu pude andar direito, me levavam para passear na rua. Revia a Vick e os outros cães. Menos o Flash, mas esta é outra história.
Em 2001 quase não se falava de castração.
Agora eu entendo. Escutei a explicação que a Dra. Patrícia, nossa veterinária, deu para a minha mãe.  Era para ajudar a controlar algumas doenças do trato reprodutivo, evitar ou tratar tumores influenciados por hormônios e que em alguns animais a castração era para evitar ou alterar anormalidades comportamentais.
Eu sei que foi um ato decisivo para a minha qualidade de vida.  
Foi mais um passo para me transformar no que hoje sou.

domingo, 17 de outubro de 2010

Eu e minha nova família

Na minha nova casa, na época, além dos meus pais humanos e o Luiz, havia quatro cães: Petrus (um Boxer, o lider da matilha. Bastava um olhar dele para todos ficarem quietos); Shadow (um Labrador preto, o segundo no comando); Flash (outro Labrador, chocolate, muito problemático, tinha muitos problemas de saúde e era super invocado) e Vick (uma SRD, que foi minha paixão a primeira vista). 
Vick estava muito doente. Teve cinomose, que causou paralisia da cintura para baixo, mas tinha tanta força interior que me despertou uma vontade enorme em ajudá-la. Esqueci de falar também do papagaio e um montão de canarinhos e periquitos.
Nossa, era bicho que não acabava mais e a Silvana e o Luiz ainda resgatavam passarinhos doentes, mas cuidavam e soltavam novamente.
Aos poucos fui me acostumando a minha nova casa. A Silvana me ajudou muito, sempre carinhosa, me auxiliando nesta adaptação. Aonde ela ía, todos acompanhavam, mesmo a Vick que era carregada no colo.
Após tratamento com neurologista, Vick começou a fazer acupuntura. Lá fui eu junto. Fiquei muito feliz quando me levaram, mas tardiamente percebi que eu também iria passar por uma bateria de exames e vacinas. Doeu muito, mas apesar do incomodo, era para o meu bem.
A Vick fazia as sessões na clínica e em casa, Silvana fazia muitos exercícios com ela. Resolvi ajudar. Passei a mordiscar as patinhas de trás dela, sempre brincando e a incentivando a se movimentar, mesmo que fosse pouco. Coitada, era muito triste não poder andar e fazer as coisas sozinhas como nós.
Acreditem, depois de quatro meses ela começou a mexer o rabo e finalmente andou.Acho que foi um dos dias mais felizes da minha vida. Todos pararam para vê-la e a partir deste dia, nos tornamos inseparáveis.
Com este fato, minha mãe Silvana começou a perceber que eu tinha algo diferente.