quinta-feira, 31 de março de 2011

Alina, minha sempre amiga


Estou muito triste. Minha querida amiga e companheira de trabalho se foi.
Trabalhávamos juntos há 6 anos.
Sempre ouço dos humanos com quem trabalho que nós, os cães terapeutas, não somos perfeitos e sim cães afetivos.
Acredito agora que estejam errados. Alina era perfeita.
Além de ser uma Bernese linda, grande, maravilhosa e todos os demais adjetivos superlativos que possam expressar suas qualidades externas, não chegam nem de perto da sua grandeza interior.
Eu nunca a ouvi ou vi esboçar qualquer movimento negativo em relação aos humanos e aos demais animais.
Aonde chegava era o centro das atenções.
Fotos, caricias, afagos, elogios, nossa... as pessoas não a deixavam em paz. E ela, passivamente respondia a tudo e a todos com enorme prazer e alegria.
Uma das suas grandes características era sentar nos pés das pessoas a espera de um carinho. Até parece que precisa disto... Quanta modéstia. Ela não tinha noção da sua magnitude.
Soubemos da notícia da sua morte no inicio da sessão de fisioterapia com as idosas do Lar Padre Vicente Mellilo no qual também participava.
Na hora, todos ficaram impactados. Eu pessoalmente senti uma dor tão intensa que até doeu fisicamente, como se tivesse levado um soco no coração.
Mas tivemos que realizar a sessão e o pior, sem que as idosas percebessem a nossa tristeza. Nada foi falado para elas.
Nesta semana, foi a segunda sessão sem ela. Que vazio. Que dor...
Teve um momento em que fui tomado de uma grande tristeza. Comecei a fazer, sem que ninguém pedisse, um truque que aprendi que chama “vergonha”, onde passo a minha pata no meu nariz perto do olho, para esconder minhas lágrimas.
De repente, senti, apesar da sala estar super abafada por causa do calor, uma brisa muito suave passar por mim.
Parei o que estava fazendo. Fechei meus olhos. Percebi que ela ainda estava conosco e que nunca deixará de estar, porque agora ela mora no nosso coração.