domingo, 20 de março de 2011

Espelho, espelho meu...

Fazendo minha ronda habitual, quando me dei conta, estava na frente de um espelho.
Sabe aqueles dias em que acordamos nos achando a última das criaturas?
Pois é! Atire o primeiro osso quem nunca se sentiu assim...
Olhei-me bem de perto. Percebi que já não sou tão novinho assim. Também, pudera... já estou com 10 anos.
Até pêlos brancos acabei achando.
Virei de lado. Me dei conta de uma barriquinha típica de machos da minha idade.
Eu sei que não sou um cara bonitão, mas tenho os meus atrativos.
A verdade é que às vezes deparo-me com situações, que apesar de frequentes, ainda mexem com a minha auto-estima.
Todas as quinta-feiras eu, Namour e Silvana trabalhamos no Hospital Dante Pazzanese de Cardiologia. Na entrada do Instituto fazemos a nossa socialização.
As pessoas quando nos vêem fazem carinho, passam a mão e principalmente tiram fotos.
Aí não dá outra. Sou colocado de lado, sem nenhuma inibição e tato pelas pessoas. Como por exemplo: “quero somente o Namour, tira o branquinho” (EU).
Muitas vezes me faço de bobo, fico do lado dele com cara de paisagem, mas não dá outra, me tiram de cena.
Resignado, resta-me apenas ficar olhando tudo por debaixo das pernas da minha mãe.
Realmente o Namour é um Golden Retriever lindo, grande, exuberante. Será que somente estas (todas) características são importantes para “sair bem nas fotos da vida”?
Já perdi a conta de quantas vezes isto aconteceu.
Percebo o quanto as pessoas e muitas vezes nós, os caninos, discriminamos os que não são tão favorecidos pela natureza.
CHEGA. Chega de auto piedade.
Olho-me novamente no espelho falando comigo mesmo: tenho uma enorme bagagem de vida. Hoje sou um cão terapeuta, possuo título acadêmico, adoro as pessoas e outros animais, sou um ex-cão de rua que soube abraçar esta nova oportunidade que a vida me deu. Não sou comparável aos cães adolescentes.
Dou mais uma olhada. Nossa... já tô me sentindo lindo.
Falando sério, eu sei que beleza abre muitas fotos Ops... portas.
Mas acredito também que a vida nos proporciona muitas outras oportunidades, independente de sermos gordo ou magro, grande ou pequeno, peludo ou careca, bonito ou feio, de qualquer cor ou raça.
O que importa mesmo são as nossas ações, atitudes, comprometimento com o outro e principalmente com nós mesmos.
É o que queremos e fazemos na busca do nosso lugar na matilha.
Uma última olhadinha... Cá entre nós, quem inventou a frase: “quem é feio, bonito lhe parece”, só pode ter sido um feio (hehehe).