terça-feira, 9 de outubro de 2012

“Eu não sou brinquedo não”...


“Eu não sou brinquedo não”...
Vocês pensam que eu estou cantando o refrão de uma música famosa...  É verdade, mas de preocupação.
Estamos na semana da criança. Semana de muito presentes e brinquedos.
Quero deixar o meu registro que cachorro não é brinquedo não.
No meu trabalho como cão terapeuta, já ouvi inúmeras vezes os profissionais nos chamarem de “brinquedo vivo”.
Discordo, nós não somos brinquedo de nenhuma espécie.
Somos seres vivos, animais e temos sentimentos.
Li (não estranhem, eu também leio sobre o assunto, sou um cão terapeuta, tenho que ser muito bem informado, hehehe...) que um grupo de cientistas de renome mundial, publicou um manifesto: Declaração de Cambridge sobre Consciência, e, segundo o blog Espaço Terapia Assistida por Cães, os animais possuem um grau elevado de consciência.
Helôôôôô.!!!..Se estes senhores, finalmente conseguiram chegar a esta conclusão (bem óbvia a meu ver), então por que de ainda nos tratarem muito mal?
Apenas não nos expressamos como os humanos. Temos o nosso próprio linguajar, nossas próprias expressões que às vezes são parecidas com as dos humanos. Afinal são 100.000 anos de domesticação...
Eu, como cão terapeuta, sou muito dessensibilizado em comparação com os cães “normais”, ou seja, sou treinado para receber toques em qualquer parte do meu corpinho, aceitar diversos ruídos e odores, sem manifestar qualquer tipo de reação adversa ao qual o humano está acostumado.
Isto não quer dizer que as pessoas podem fazer o que querem com a gente, mas elas fazem, pensam que somos diferentes, uns ETs...
É só falar que somos cão terapeuta que vira uma loucura, um monte de mãos, gente em volta, às vezes não dá nem para respirar. Mexem em mim em todos os locais (mesmo nos mais inapropriados) e tenho que fazer “cara de paisagem”... pode?
Nós, terapeutas, temos uma vida privilegiada de cuidados. Na realidade, fico mais preocupado com os cães “normais”, aqueles que compartilham de muitos lares pelo mundo afora.
Minha mãe recebe inúmeros e-mails sobre famílias que compram cães, muitas vezes caríssimos (segundo os valores humanos), e depois de cansarem do “brinquedo” não os querem mais e simplesmente os abandonam. E o nosso afeto? E o vínculo que criamos com eles? Tal qual ocorre com os humanos, nós, cães, também sofremos, sentimos dor, tristeza, saudades dos nossos donos....
Fico pensando nos valores que são passados de geração em geração entre os humanos: Se um ser vivo, no caso nós, os caninos, não servimos mais, o que será que acontece com os humanos quando se cansam uns dos outros?
Eu amo ser quem eu sou, amo os humanos incondicionalmente, mas não sou brinquedo não.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Voltei!!!


Olá Amigos,

Após um longo período, eu voltei!!!
Tenho muitas novidades para contar, que relatarei nas minhas próximas postagens.
A grande novidade é que atualmente estou trabalhando como cão terapeuta na ONG Patas Therapeutas.
O trabalho está incrível, vejam na foto, quantos carinhos e longas sessões de escovação tenho recebido, rsrsrs...
Adoro o que faço.
Olha o que encontrei nos meus arquivos! Vocês achavam que eu por ser um cão não sabia das coisas, né?
É de um autor desconhecido, pois não encontrei assinatura de ninguem, mas retrata muito bem o que eu realizo no meu trabalho voluntário junto com minha mãe:
 
Perdas e Ganhos
Por que trabalhamos como voluntários?
Por causa de nossos cães? Sim, mas existem outros projetos...
Porque sabemos lidar de “certa maneira” com a dor, a doença, a velhice, o lamento, a falta, a morte, a solidão. Talvez...
Ou somos masoquistas, depressivos. Talvez...
Talvez um pouquinho de tudo, ou uma coisa ou outra, mas não conseguimos dar conta de tudo, porque apesar de sermos “seres faltantes”, ou seja, desde o nosso nascimento aprendemos a lidar com as perdas, elas nos custam muito.
Então por que a escolha de trabalhar com algo que nos remonta a tantas coisas da nossa vida, às vezes até desagradáveis, como a perda de um ente querido, uma doença grave, etc?
Porque apesar de sabermos das dificuldades, de como tudo isso está intrínseco na nossa vida, sabemos também que esta é maravilhosa.
Ela nos propicia um olhar para frente, para o lado, para trás, para o outro.
Este outro pode ser uma flor, um animal, um amigo, um vizinho, um desconhecido.
Tentamos dar o que temos de melhor, muitas vezes buscando bem lá no fundo, até mesmo aonde a gente nem sabia que estava naquele lugar tão desconhecido e que nos faz perceber como somos também “seres construtivos”.
Mas, o que nos motiva realmente é sabermos que quem ganha mais somos nós mesmos.
Ganhamos afeto, respeito, carinho, gratidão, caridade e principalmente amor, amor ao outro, não importa quem seja.
È um amor incondicional, feito bicho, bicho homem.
(autor desconhecido)